8 de setembro de 2022 às 19:04h
Esperança Garcia, primeira advogada do Piauí, é homenageada pelo Governo do Estado na exposição “Mulheres Pioneiras no Piauí”. Ela compõe um grupo de 29 mulheres representadas por suas trajetórias de destaque e serviços prestados à sociedade.
Esperança Garcia foi escrava e ficou conhecida pela coragem. Ela enviou uma carta ao governador da capitania de São José do Piauí denunciando os maus-tratos que ela e sua família sofriam, além de reclamar de ter sido separada de seu marido e impedida de batizar os filhos.
O reconhecimento dela como primeira advogada do Piauí por parte da OAB Piauí, em 2017, é resultado de uma pesquisa de dois anos realizada pela Comissão da Verdade e da Escravidão Negra da instituição.
DOSSIÊ ESPERANÇA GARCIA
O dossiê Esperança Garcia: Símbolo de Resistência na Luta pelo Direito, foi organizado pela advogada Maria Sueli Rodrigues de Souza e pelo historiador Mairton Celestino da Silva. A natureza jurídica da carta se dá pelo fato de adotar um caráter de petição. Esperança, mesmo com pouco conhecimento, mostra conhecer a função do governador na época e dos seus direitos.
Da vida de Esperança, no entanto, sabe-se pouco e também não há certeza do que ocorreu com ela após o envio da carta.
A teoria mais aceita é de que ela retornou à fazenda de Algodões, onde vivia. Isso porque um documento de 1878, oito anos após o envio da carta, com a relação de escravizados desta fazenda, menciona o casal Esperança e Ignácio, ela com 27 anos e ele com 57. Ela teria, portanto, 19 anos quando escreveu a carta ao governador.
Entre as conclusões do dossiê, está que ao escrever a carta reivindicando por direitos, Esperança se reconhece e atua como membro daquela comunidade política, pedindo nada além do que aquilo que era legalizado na época.